Matéria da Revista - Plástico em Revista
2014-04-01Em meio aos rosnados da, ala do sopro, a termoformagem mantém a pole em embalagens de iogurte. Uma dianteira empurrada por progressos na tecnologia de processo extensivos da obsessão pelos custos ao marketing, abarca na entrevista abaixo Fernando José de Castro Moura, sócio e diretor da Porlalplast, fincada em Diadema (SP) e titular absoluta do Brasil na extrusão de chapas para termoformados destinados ao envase de laticínios como iogurte. A empresa anuncia para breve, por sinal, a entrada em chapas de poliestireno expandido. Os transformadores Metalma, Cuexpan e Emplal negaram participação na reportagem.
PH - Por quais motivos a Portalplast não estende o braço em copos e potes termoformados com suas chapas?
Moura - Não, na verdade isso até agregaria, pois nossos clientes de chapas também o são de copos termoformados impressos. O principal motivo são os bastante expressivos investimentos necessários à extensão de nossas linhas de produção para a termoformagem e impressão de copos. Implicam, praticamente, a construção de nova fábrica, pois demandam não somente a aquisição de equipamentos, mas mão de obra e ampliação de áreas de manufatura e estoques de chapas, produtos semi-acabados e acabados, além dos insumos de produção.De outro ângulo, considero o mercado com boa capacidade de oferta e um novo player em termoformados decerto geraria desequilíbrio entre oferta e demanda de tais produtos.
Conta também o fato de a Portalplast concentrar sua especialização em Chapas à base de poliestireno de alto impacto (PSHI), também como forma de evitarmos qualquer tipo de contaminação gerada pela utilização de outras resinas (N.R.- a empresa também fornece chapas de polipropileno mediante consulta).
PR - Como avalia a competitividade técnica e econômica de PP versus PS para embalagens termoformadas de iogurte no Brasil?
Moura - Da forma como vejo, as aplicações são bem distintas e definidas para os tipos de embalagens termoformadas para iogurtes no Brasil. Tratando-se de copos individuais impressos, a relação de custo/benefício tende nitidamente para PP. É uma resina tecnicamente melhor para essa aplicação e, em que pese haver a necessidade de condições bem mais controladas e específicas para a termoformagem os copos são produzidos e impressos no transformador, ficando para os clientes apenas o envase e selagem da tampa, através de máquinas envasadoras e seladoras (fiII-seal).Já no Caso das bandejas de iogurtes, a situação é bem diferente. A relação de custo/benefício tende nitidamente para PS. Afinal as bandejas são produzidas nos clientes, através de máquinas que termoformam, envasam e selam o produto (form-fill-seal/FFS), tendo em PS uma resina muito mais adequada, de fácil processabilidade e produtividade superior à de PP.
PR - No balanço dos últimos cinco anos, quais os principais avanços notados na espessura, estrutura multicamada, apelos visuais, impressão, propriedades mecânicas e de barreira das suas chapas destinadas a embalagens termoformadas para iogurte?
Moura - Notamos a evolução das máquinas FFS, como ilustram os modelos mais recentes, que permitiram melhor distribuição do material nas paredes dos potes, proporcionando um afinamento na espessura da chapa. Por sinal, a paredes poderiam ser menores ainda se os projetos dimensionais das embalagens favorecessem ou contemplassem ângulos ou cantos mais arredondados. Dessa formam seriam eliminados pontos de retenção de material, que precisam ser compensados com aumento de espessura da chapa.Quanto ais materiais com barreira, infelizmente o mercado ainda não absorve os custos que demandam a produção desse tipo de chapa. A principal justificativa é a dependência de materiais importados para a produção, ainda que permitissem maior longevidade ao produto.
Em relação aos apelos visuais que observamos no segmento de bandejas, evidenciam-se as chapas multicor. Elas ainda não apresentam crescimento expressivo, devido em especial à relação custo/benefício, pois seus custos de comercialização são bem superiores às chapas convencionais bicolor ou naturais. Pesam também determinadas necessidades técnicas nas termoformadoras que as utilizam, fazendo com que apareçam com alguma frequência, alguns problemas para sua utilização.
Também notamos progressos quanto às densidades das chapas, tem diminuído através da expansão de sua camada interna, principalmente nos produtos que se utilizam de bandeirolas, mais conhecidas como "decor" cuja redução no peso de chapa pode chegar a 20%, Todavia, também existem algumas necessidades técnicas e de precisão na formagem das bandejas para que os resultados sejam satisfatórios.
PR - Qual a capacidade instalada da Portalplast para chapas de PS e quais as perspectivas para o mercado?
Moura - No momento, a capacidade instalada da Portalplast para chapas de PS gira em torno de 21.600 t/a. Investimos no aumento de nosso potencial com a aquisição da terceira linha de extrusão, em operação desde dezembro passado. Trata-se de equipamento de última geração, composto de quatro camadas e uma quinta camada disponível. Destaque para sua alta produção, com controle eletrônico de espessura em tempo real, por intermédio de scanner.Hoje em dia, estamos com a capacidade superdimensionada, pois o tempo de aquisição, produção e instalação de um equipamento desse porte é de aproximadamente sete meses. Acreditamos no crescimento do mercado e de nossa participação nele em 2014 (atualmente, cerca de 30/35%), através de inúmeros projetos em andamento e dos investimentos em equipamentos para o aumento de produção e observados nos clientes em geral.
PR - Como avalia as oportunidades para recipientes transparentes para iogurtes no Brasil?
Moura - Existe uma oportunidade maior para esse tipo de embalagem, principalmente nos copos de PP pré-formados e impressos. Procede quando a estratégia do produto é mostrar ao público consumidor a coloração e consistência, bem como quando o mesmo á acrescido de caldas ou geleias que representam um atrativo visual a mais. No caso das chapas de PSHI, ainda que naturais, não oferecem alta transparência à embalagem e se ajustam melhor às bandejas.PR - Quais os tipos de exigências para copos e potes de iogurte que não eram estabelecidas pelos laticínios no Brasil cinco anos atrás e que hoje são colocadas com regularidade por eles?
Moura - Sempre houve várias exigências para os fabricantes de copos, potes e chapas para os laticínios, porém, tais requisitos se intensificaram bastante nos últimos cinco anos e continuam nesta linha, dada a enorme responsabilidade que temos em produzir embalagens que entrarão diretamente em contato com o alimento lácteo. Todo cuidado é pouco, pois uma contaminação por aparecimento de corpos estranhos em uma embalagem pode representar sérios prejuízos à marca em questão. Quem está no meio sabe muito bem o que isso representa. Diretrizes como BPF Boas Práticas de Fabricação (BPF), Análise de Riscos e Controle de Pontos Críticos (HACCP), Controle Estatístico de Processo (CEP), além da completa rastreabilidade das matérias-primas e insumos no processo hoje são pré-requisitos mínimos para a homologação de um fornecedor de embalagens para os laticínios.PR - Como avalia, no mercado nacional de iogurtes, a competitividade dos frascos soprados perante os tradicionais copos e potes termoformados?
Moura - Os frascos soprados e copos e bandejas termoformados para lácteos, basicamente não concorrem entre si. Na realidade, tratam-se de embalagens para produtos que se complementam, pois cada um tem seu nicho e apelo específico de mercado. É um assunto para os especialistas em marketing. Mas, como consumidores, observamos que temos os nossos gostos individuais. Ou seja, tem produto para as mais diversas idades, perfis, gostos e ocasiões que são objeto da percepção desses profissionais.Ver outras notícias